O baile da biblioteca
Sou o vosso professor
E sei de um baile de gala
Que se dá todas as noites
Nas estantes da tua sala
Olha Ulisses o Argonauta
A dançar com o mar à proa
Aquele é o senhor Fernando
A dançar com a sua Pessoa
Olha o Mestre Gil Vicente
Entre a rainha e o bobo
E aquele à frente é o Aleixo
É o poeta do povo
É o baile da biblioteca
Sai o Zorro de rompante
Duma lombada de coiro
A declarar-se emigrante
Para a Ilha do Tesoiro
Ao piano o Conde de Abranhos
Não dá sinais de abrandar
E é preciso o sol nascer
Para o baile acabar
Como sempre é um Dom Quixote
Largando da mão a lança
Vamos dormir criaturas
Que amanhã também se dança.
É o baile da biblioteca.
Carlos Tê
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