quarta-feira, 18 de abril de 2012

Dar voz a um poeta

5 poetas, 5 vidas, 5 poemas

Antero de Quental

Nasceu a 18 de Abril de 1842 em Ponta Delgada, nos Açores. Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Revolucionário de temperamento, foi o ideólogo da sua geração literária, desempenhando papel central na Questão Coimbrã e nas Conferências do Casino. Como prosador deixou ensaios socio-históricos e filosóficos. Como poeta, o seu lirismo de temática filosófica centra-se na severidade do sonho, relatando o seu itinerário intimo desde a dúvida religiosa até ao panteísmo de inspiração orientalista. A autenticidade do seu lirismo - sonetos - só tem paralelo na lírica de Camões. Morreu, também, em Ponta Delgada a 11 de Setembro de 1891.


Na Mão de Deus 

Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depois do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,                            
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!

In Sonetos.


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