terça-feira, 17 de abril de 2012

Dar voz a um poeta

5 poetas, 5 vidas, 5 poemas


Florbela Espanca


Poetisa portuguesa,  nasceu a 8 de Dezembro de 1894, em Vila Viçosa e morreu em Matosinhos a 7 de Dezembro de 1930. Nasceu filha ilegítima e a mão morre muito jovem, com 36 anos. Estudou no Liceu de Évora e matriculou-se na Faculdade de Direito em Lisboa. Casa com Alberto Moutinho em 1913. Na capital contactou com outros poetas da época e com o grupo de mulheres escritoras que procurava impor-se. Em 1919 publicou a sua primeira obra poética “Livro de Mágoas”. Em 1921 divorciou-se de Alberto Moutinho e casa com António Guimarães. Em 1923 publicou o “Livro de Sóror Saudade” e em 1925 casa-se pela terceira vez. Os casamentos falhados, assim como as desilusões amorosas e a morte prematura do irmão, marcam profundamente a sua vida e obra. Morre em Matosinhos com 35 anos.


Amiga
  
Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor,
A mais triste de todas as mulheres.

Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa a mim?! O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!

Beija-me as mãos, Amor, devagarinho ...
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho ...

Beija-mas bem! ... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos
Os beijos que sonhei prà minha boca! ...

Florbela Espanca, in Livro de Mágoas


 




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